sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Delinquençia juvenil

Lembro que em criança queria andar com meus amigos pela vizinhança, correndo, gritando, jogando à bola, enfim, fazendo tudo o que é suposto os miúdos fazerem ao brincarem na rua. Lembro de chegar pertinho de minha mãe e lhe pedir constantemente para deixar eu ir brincar com o filho da vizinha com quem minha mãe tanto falava e sorria. A resposta por mais manteiga que eu desse era sempre "NÃO". E não valia a pena chorar nem amuar, quando a mulher metia uma coisa na cabeça só meu pai ou um padre a conseguiam demover. Razoes? isso não faltavam. Ou os miúdos da rua faziam muito barulho, andavam constantemente a berrar, eram bandidos, ou estava chovendo, estava sol enfim, qualquer razão era mais que bem vinda para justificar uma proibição de eu me dar junto da miudagem que por aquela zona andava. Com o tempo reparei que os miúdos que andavam na rua eram os mais populares da zona, era com eles que as miúdas saíam, eram eles quem tinham o direito faltar as aulas ou catequese, eram eles quem iam aos arraiais, quem fumavam antes dos 16, enfim, eram os chamados reis da zona. Eu e mais dois ou três que também eram proibidos de se dar com aquela gente só o conseguíamos fazer quando os mesmos apareciam na escola e nessa época eram vistos como o xerife que chega à cidade e vai meter ordem no que está mal enquanto eu e a malta dos "parados" éramos vistos como os idiotas, os maricas que não saiam de casa, os fracos, etc. Isto há mais de 30 anos atrás, porque agora olho para trás e penso, que de todos os cerca de 7 ou 8  que andavam naquela vida só dois ou três têm uma vida normal, pois o resto ou foi preso, desapareceu, está doente, ou cometeu suicídio, havendo inclusive um que depois de ter engravidado duas ou três miúdas da vizinhança, viajou parece que para a China, decerto com o intuito não pagar a pensão de alimentos. 
  Isto tudo só para poder comentar duas notícias que li nestes últimos dias no DN. Madeira, referentes ao facto de um miúdo de 17 anos diversas vezes referenciado pela policia, foi detido alguns dias atrás, por roubo de um motociclo, presente as autoridades competentes, liberto, e ainda teve tempo para molestar sexualmente uma mulher para os lados de Santa Rita no Funchal, tudo isto no espaço de 48 horas. Com tudo isto ao ler o artigo no Diário Notícias pensei: 
"Olha, mais um que vai dar bandido como aqueles que conheci em criança".
Claro que há milagres e ele pode não chegar ao ponto de ter um final idêntico a alguns dos vizinhos que tive, mas se tal acontecer não será surpreendente pois esta "peça de arte" já não aparecia em casa há dois dias. Só sei que se fosse comigo minha mãe apesar de meia cambada ainda conseguia agarrar uma correia de couro, me enfiar umas valentes vergastadas e se eu queixasse a meu pai, ainda levava mais umas vindas dele só para eu perceber que aquele casal funcionava em equipa. Não percebo como é que um pai a quem foi entregue o miudo aquando saída do tribunal ao ver um filho se meter naquela vida ainda não arranjou uns minutos para dar umas vergastadas no coiro do delinquente que agora anda a importunar gente lá para os lados do Madeira Shopping e questiono-me:
  Porque não o fez? 
Porque se o fizer ainda aparece a segurança social á porta acusando-o de maus tratos, isto além de depois perder o possível abono que aufere do miúdo. Que pode ele fazer? Não sei qual a melhor atitude a tomar mas sei que meu pai no final já deixar-me-ia ir preso umas boas semanas só para perceber o que me esperava no futuro.  E isso garanto-vos que ele faria comigo e resultaria como" medida" de educação. Depois de pensar um bocado chego à conclusão de que meus pais com toda porrada e conselhos que me aplicaram fizeram o mesmo que um escultor. Cortaram o que não prestava, acrescentaram o que era bom e deixaram a idade e as boas companhias fazerem fazer o resto. Talvez se houvesse mais pais como os meus, não haveria a delinquençia juvenil que por aqui paira e não teremos tantas fotos com esta que aqui coloco.



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