domingo, 3 de novembro de 2013

Soldados famosos - Geraldo o sem pavor


  


Depois de falar sobre gregos, ingleses e escoceses, desta vez escreverei sobre um português. Há duas versões sobre Geraldo Geraldes. A 1ª e mais interessante diz que era um nobre, dado as virtudes próprias da corte, com respeito pelas donzelas, entrando em justas e torneios. A 2ª e mais interessante em que eu acredito mais depressa, indica que era um simples gatuno que roubava tanto cristãos como mouros. Apesar de relatos dispares uma coisa é verdade. Depois de matar gente desarmada, foi nomeado alcaide de Évora. Mas vamos começar pelo inicio. Na versão de nobre Geraldo andou as turras com pessoal em Coimbra. Não sabendo controlar seus ímpetos assassinos, la enfiou um punhal no pescoço do amigo de um triste e depois foi acusado ao rei. sabendo que seria castigado pelo poder régio o coitado do Geraldinho lá se foi arrastando com armas e bagagem  para o meio de uma floresta onde se alojou num castelo sempre desejando voltar aos favores reais. Na segunda versão o gatuno era chefe de um bando de outros gatunos que já não tendo nada para roubar se propuseram a fazer algo de espectacular. Atacar o castelo de Évora. Castelo ocupado pelos mouros, até o rei Português se desviou do mesmo devido a dificuldades em captura-lo, este seria sua grande chance de mostrar ao mundo cristão que roubar tem suas vantagens, desde que não seja contra cristãos é claro. Já há muito tempo que Portugal atacava os mouros, fazê-lo não só era visto como algo patriótico para a nação, mas também era algo cristão. Todos os cidadãos tinham o dever real e cristão de matar mouros, velhos, novos, ricos ou não, pouco importa, afinal o próprio papa de Roma já havia dado ordem para limpar o sebo a quem não soubesse rezar o pai-nosso.  Óbvio isto tem suas vantagens, afinal, quem vencer, fica com riquezas, quem morrer, vai para o céu com pecados perdoados etc e se sair derrotados, sempre pode reclamar por mais apoios. Resumindo, era o melhor de dois mundo, o dos vivos e o dos mortos. Se atacar gente na rua com seus poucos pertences  era proveitoso então atacar um castelo cheio de viveres era mesmo de génio. Havendo muralhas e portas pesadas para abrir como entrar? depois de Geraldo usar a cabeça para algo mais que não fosse colocar o elmo e criar piolhos, o mesmo chegou a conclusão em usar de astucia. Durante uma noite chuvosa em Novembro de 1165 usou escadas, subiu os muros do castelo, matou os vigilantes (pai e filha) e depois de abrir as portas, a cerca de 120 gatunos como ele, lá roubou o que conseguiu, matou quem viu e entregou ao rei o que não precisava. Nosso amado e respeitado D. Afonso Henriques ficou feliz quando recebeu o castelo e Geraldo depois de provar ao rei deste modo que estava arrependido dos crimes que havia cometido contra os cristãos recebeu regalias, e títulos. Mas o homem queria mais e que fez então? Atacou outros castelos  (Beja, Serpa, Alconchel, Montachês, Cáceres) e povoações. Sempre com sucesso, quanto mais lutava, mais ganhava e mais recebia. Tinha tantas terras que se tornou um dos homens mais importantes do reino, almejando cada vez por mais e depois de bradar ao rei que conseguia ajudar a tomar Badajoz, lá conseguiu fazer o Conquistador montar a cavalo e se dirigir para terras não portuguesas para tomar um castelo  que pouco interesse tinha a nível de estratégico. Para quem não sabe o que aconteceu, aqui fica um resumo. Depois de entrar na cidade com toda a malta da pesada, D Afonso Henriques recebeu a noticia que afinal as coisas estavam mais complicadas que pareciam e quando dava o fora, bateu com uma perna no ferrolho de uma porta, caindo e sendo feito prisioneiro. Para conseguir libertar foi preciso pagar o resgate digno de um rei e que fez el-rei? Entregou uma boa parte do que havia conquistado. Nada mais nada menos que metade do Alentejo foi devolvido a mouros e leoneses. E Geraldo? Geraldo sem pavor voltou para o castelo na floresta com a mágoa de quem perdeu praticamente tudo o que havia conseguido. Depois de tanto atacar os mouros, parece que se virou para o lado dos mesmos, para grande desgosto do rei que o mandou chamar de volta. A morte deste personagem tem duas versões. Uma diz que entrou em contacto com mouros para depois trai-los e entregar a zona de norte África a D. Afonso Henriques. Outra diz que foi se aliar ao califa de Sevilha que o combatera em Badajoz, foi traído pelo mesmo, preso e entregue aos mouros que tanto havia massacrado. Se tivesse levado a sua vontade em frente, com navios do norte de África atacando o Algarve, é provável que quando Afonso Henriques morreu 15 anos depois (1185), já todo Portugal fosse cristão e não demoraria os séculos que demorou para terminar a reconquista crista.


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