sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Burlões - O caso Alves dos Reis






Lembram do caso do BPN? Este caso foi menos complicado, o dinheiro não saiu do pais, e serviu para desenvolver uma parte de Angola. Foi o caso Alves dos Reis e seria talvez a maior burla  até o caso do BPN, em que o país se envolveu com consequências nefastas para a politica e economia nacionais. Comecemos.


Artur Virgílio Alves Reis (03-09-1898 a 09-07-1955) - era pobre mas esperto como poucos  na época. Depois de casar com uma mulher rica e ser humilhado pela família da mesma por ser pobre o mesmo mudou-se para Angola com o intuito trabalhar como engenheiro. Não tendo curso nem nada que se parecesse, o artista falsificou um diploma emitido por uma universidade inexistente indicando que ele sabia fazer praticamente tudo excepto ressuscitar mortos e mudou-se com armas, bagagem e esperteza na que seria a maior aventura da época. Depois de passar pela alfandega a primeira coisa que fez foi emitir um cheque careca e comprou uma empresa caminhos ferro. Mais ou menos como alguns ainda fazem hoje em dia. Ganhou dinheiro, prestigio, e inimigos e quando as coisas começaram a azedar voltou para Portugal onde comprou:
-Uma revenda automóveis;
-A companhia Ambaca;
-E a companhia mineira sul angola;
Teve azar e foi preso, por burla e tráfego armas. Mas isso não o demoveu. Lá continuou com esquemas e sempre aumentando o valor da conta bancaria. Acomodado  por dois meses numa prisão em Lisboa percebeu que o melhor seria ir mais alem na burlas e avançou para o que seria o a maior fraude ate o caso BPN - a emissão de notas verdadeiras não autorizadas pelo banco Portugal. Usando documentos falsos  pediu a uma empresa verdadeira da Inglaterra para emitir notas de 500 escudos. As tais que tem uma foto açima colocada.
Mas estar sozinho nesta empresa não é fácil, e Alves dos Reis precisava de ajuda, para tal contou com um holandês, um francês, um alemão, portugueses, e ate ingleses, todos metidos num esquema que embora cada vez mais elaborado e complicado, conseguia ser controlado por um único homem. Pedindo discrição ao ingleses para não alarmar a economia portuguesa, Artur Reis percebeu que o banco Portugal já havia injectado notas sem conhecimento da opinião publica, com o intuito de manter a economia em pé. A burla foi tão longe que ele conseguiu a assinatura verdadeira do embaixador de Haia que era irmão de um dos envolvidos no esquema. Enfim, uma verdadeira salada digna de um filme. Foi necessario um caixa de um banco no Porto dar pela farsa e uma investigação de um jornal da época para virem responsáveis a publico se mexer e começar a encarcerar alguns responsáveis. As repercussões a nível geral foram desastrosas e talvez nem o cabecilha imaginava o quanto gravoso seriam seus actos.
Muita gente inocente ficou prejudicada devido a esta burla, por exemplo algumas pessoas que tinham encontros sociais com Artur Alves dos Reis, viram suas vidas investigadas, o mesmo acontecendo a figuras da alta sociedade que foram acusadas de fazerem parte do complot. A opinião publica que já não confiava na economia nacional usou este caso também como arma de ataque para um governo cada vez mais fragilizado.
Mas não foi o fim do homem. Depois ser condenado e cumprir sua pena, ainda teve tempo e coragem de meter noutra embrulhada, desta vez tentando vender café inexistente a um empresário Português por uma soma de 60 mil escudos (quase 300 euros), o que hoje é pouco mas na altura foi um valor altíssimo.
Teve sorte. Em vez ser preso, morreu de ataque cardìaco.

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