quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O rally, e a justiça na Madeira



Em 1998 organizou-se a prova do Rally vinho Madeira, prova essa reconhecida pelo mundo fora como uma das mais importantes para o campeonato mundial de Rallys. Como sempre acontece em provas deste tipo, houve acidentes, alguns menos graves e infelizmente um fatal. O resultado das fatalidades saldou-se em dois mortos e um ferido grave. Logo surgiram as acusações de todos os lados, uns dizendo que a organização não havia sido responsável, outros que a segurança da prova não era das melhores, enfim como sempre as acusações não se fizeram esperar e todos os intervenientes quiseram sacudir a agua do seu capote. Alguns tempo antes da fatalidade o automóvel em questão havia sofrido um embate e procederam-se à substituição de peças, trabalho esse que demorou cerca de 10 minutos, isto de acordo com o que foi dito em tribunal e foi publicado pelos meios comunicação. 10  minutos. O tempo que eu demoro para fazer uma salada. Num serviço que requer cuidado, segurança reforçada, atenção ao mais ínfimo pormenor, os devidos mecânicos substituíram a suspensão, semi-eixo, colocaram o pneu, apertaram aquilo tudo no espaço de tempo em que eu demoro a tomar um duche. Bom...Pior que isso foi o facto de um dos intervenientes da prova ter vindo a publico bradar alto e bom som algo do tipo "a prova não precisa parar só porque morreu uma criança de 7 anos e uma adolescente" ( curiosamente o mesmo interveniente também sacudiu o capote quando há uns meses atrás a sua conhecida cadeia de supermercados abriu falência enviando centenas pessoas para o desemprego, este constante sacudir já mostra o tipo de homem que aquela peça é). Avancemos. Como seria de esperar apareceu a comunicação social, fizeram-se avisos, elaboraram-se relatórios e finalmente enterraram-se os mortos. Por fim e como sempre, aparece a justiça portuguesa mostrando como funciona em Portugal, assim sendo ouviu testemunhos, investigou á moda do inspector Rex da SIC, adquiriu provas elaborou relatórios,  arquivou o processo para depois reabrir o mesmo, indicando  aos pilotos estrangeiro como funcionam os mesmos em terras Lusitanas, para depois deixar o mesmo processo criar pó, andar de um lado para o outro em salas de arquivo, as vezes debaixo de mesas, em cima prateleiras, atrás da porta, entregue a juízes que mudam constantemente de sala para depois de 15 anos alguém curioso com aquilo, pegarem naquele exemplo de pouca vergonha pô-lo em cima da mesa, abrir e olhar aquilo curiosamente, ler o titulo, folhear meia dúzia de paginas sem ler e perguntar: 

"Isto ainda não foi despachado?"
 Os pilotos do estrangeiro devem ter pensado algo do tipo "se fosse aqui alguém ia preso". Finalmente há dois anos atrás apareceu a  malfadada troika que deu um prazo para resolverem os casos pendentes em tribunal. Agora questiono-me:             
Se não fosse a troika, será que volvidos 15 anos depois o caso ainda viria á baila?
  se fosse noutro país, será que a prova continuaria, com um "arranjo" á pressa, e depois de 2 espectadores  terem falecido?
  A organização da prova, teve garantias que o veiculo estava em condições para seguir prova?  Quem as deu era da organização ou estava ligado á equipa que quer a todo custo ganhar? 
ou será que o veiculo seguiu prova sem conhecimento da organização?
  Havia alguma regra que impedisse os veículos acidentados de prosseguir prova para prever situações como esta? Se sim então porque seguiu? se não então a organização nem pensou que veículos acidentados não deveriam competir?
 Esperemos pela justiça para ver o que sucede e se esta é mais uma situação em que uma organização com apoio do governo faz o que lhe apetece e ainda segue em frente. Estarei atento.

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